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ESPIRITUALIDADE DENTRO DOS CONSULTÓRIOS DE CARDIOLOGIA

 

 

Espiritualidade entra nos consultórios de cardiologia

 

 

Era para ser uma entrevista sobre a saúde do coração, mas que acabou se tornando uma discussão sobre a crescente importância do tema espiritualidade nos consultórios. O cardiologista Roberto Esporcatte, professor-adjunto de cardiologia da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e coordenador da unidade coronariana do Hospital Pró-Cardíaco, também é vice-presidente do Gemca, o Grupo de Estudos em Espiritualidade e Medicina Cardiovascular. A iniciativa vem ampliando o número de participantes e ganhou apoio da Sociedade Brasileira de Cardiologia em seu 71º. congresso.

“Não estamos falando especificamente de religião, que se baseia na ausência de dúvidas, em crenças que abrem mão de qualquer tipo de prova. A espiritualidade pode ser entendida como a busca pessoal de um propósito para a vida, de uma transcendência, que envolve também as relações com a família, com a sociedade e a natureza. Pode contar ou não com elementos religiosos. O médico não pode deixar de interagir com o paciente sob esse aspecto. A abordagem serve inclusive para aqueles que estão no grupo não religioso, como agnósticos ou ateus”, afirma Esporcatte.

 

 

Ele diz que conhecer os valores espirituais do paciente deveria fazer parte da anamnese, principalmente no caso da cardiologia, quando se lida com tratamentos complexos que precisam do engajamento do doente. “É claro que isso não se aplica quando alguém vem ao consultório para avaliação de risco cirúrgico para se submeter a uma lipoaspiração. Mas, no caso de uma doenças graves como insuficiência cardíaca avançada, câncer ou demência, tudo muda de figura, tanto para os pacientes como para seus familiares. Essa é uma demanda que parte deles”, acrescenta.

“Revisões sistemáticas avaliaram que intervenções religiosas e espirituais tiveram resultados promissores, como menor ansiedade e depressão, em alguns contextos específicos, assim como menos dor, melhor funcionalidade e maior qualidade de vida em pacientes com câncer”, ela relatou. Apesar de reconhecer a importância de religião e espiritualidade no conjunto de estratégias para lidar com circunstâncias adversas, a professora

 

 

Anita fez uma ressalva sobre o que chamou de um excesso de expectativas sobre a construção de uma maior resiliência psicológica, ou seja, a capacidade de se recuperar de reveses. “Cuidado para não usarmos a resiliência de maneira muito pródiga”, afirmou Anita, “como se estivesse ao alcance de todos. Pessoas desfavorecidas estão mais expostas, porque são impactadas continuamente. Não esqueçamos que vantagens geram vantagens e desvantagens geram desvantagens”.

A Duke University tem um centro dedicado à espiritualidade, teologia e saúde. A universidade criou inclusive uma Escala de Religiosidade, que abrange cinco questões envolvendo a frequência com que a pessoa vai a uma igreja, templo ou encontro religioso; a dedicação do seu tempo a atividades religiosas; se sente a presença de Deus; se crenças religiosas estão por trás de toda a sua maneira de viver; e se se esforça para viver a religião em todos os aspectos da vida.

A médica norte-americana Christina Puchalski desenvolveu o Questionário FICA, que inclui perguntas sobre se o paciente gostaria que o profissional de saúde considerasse a questão da religiosidade/espiritualidade no tratamento.

 

 

Segundo o médico, inúmeros estudos vêm demonstrando que indivíduos com maior religiosidade ou espiritualidade apresentam menor incidência de muitas doenças. Além disso, esse grupo consome menos álcool e tabaco e tem menos sintomas depressivos.

“Acredito que conhecer melhor as religiões passará a fazer parte da prática médica, é uma barreira que os profissionais vão ter que transpor. A fé é uma força poderosa na vida dos indivíduos, mas este é um fator desconsiderado pela saúde pública. Compaixão e cuidado devem caminhar juntos”, finaliza o doutor Roberto Esporcatte.

Segundo o cardiologista que comanda as pesquisas no Hospital São Francisco, da Santa Casa de Porto Alegre, há indícios de que a prática religiosa tem relação com a saúde.

“Nós já temos informações muito detalhadas sobre o desenlace de uma cirurgia cardíaca em um paciente com vida religiosa ativa e um com vida religiosa não ativa. Fica evidente que os paciente com vida religosa ativa têm menos complicações no pós-operatório e já existe alguns dados mostrando que eles sobrevivem mais à cirurgia”, destaca o diretor-médico Fernando Lucchese.

 

 

Um exemplo é o seu Affonso. Hoje, aos 91 anos, ele esbanja saúde e bom humor. Porém, há pouco tempo, ele passou por um sufoco. Foi parar no hospital em estado grave por causa de uma infecção. Para sair dessa situação, ele diz que, além do tratamento para o corpo, também cuidou da alma.

Seu Affonso acredita que força da fé ajudou a curá-lo

“Aquela energia que todos nós temos, uma entidade que nos vigia, que a pessoa conhece como anjo da guarda, espírito protetor, como vocês quiserem”, relata.

Buscar na fé a força para enfrentar momento difíceis da vida, como a descoberta de uma doença, é um relato comum, principalmente dentro dos hospitais. E essa crença dos pacientes tem mudado a relação da medicina com a espiritualidade. Para os médicos, é como ter acesso a um diagnóstico da alma de seus pacientes.

 

 

“Nós ja temos 800 cardiologistas estudando isso no Brasil, no mundo é uma revolução, é um novo paradigma. Nós não conhecemos qual é a energia que é transmitida, mas essa energia existe. Nós temos isso em milhares de trabalhos científicos”, salienta Lucchese.

“A sociedade de cardiologia tem um perfil científico e não pode realizar as coisas baseadas numa crença, tem que ter comprovações. Então o grupo se propõe a fomentar essas pesquisas de como determinada ação pode ter um resultado terapêutico”, completa Mário Boba.

 

Fonte: G1

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